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Dom Alberto Etges e os Leigos

Créditos foto: Arquivo Diocese

No mês de aniversário da Diocese de Santa Cruz do Sul e, em sintonia com o Ano Nacional do Laicato que se encerará no dia 25 de novembro, retomamos partes da 1ª Carta Circular de Dom Alberto Etges ao Povo da Diocese assinada no dia 15 de novembro de 1959. É um verdadeiro tratado de Eclesiologia, que valeria a pena ser retomado nos cursos de formação das nossas lideranças.
O Povo de Deus 
Me dirijo agora a vós, prezados filhos espirituais em Nosso Senhor, e que providencialmente fostes constituídos o povo da nova diocese. 
E, a primeira coisa que quero dizer- -vos é que vos considero, realmente, e quero que vos considereis a vós mesmos, aquele povo eleito, provido daquele sacerdócio real, que faz de vós a nação santa, porque um povo conquistado com o sangue do sacerdote e da vítima real, que foi Jesus Cristo: “Já agora sois o povo de Deus” (1 Pd 2,9-10). 
Em segundo lugar, quero que considereis e tomeis disto plena consciência que, sendo como sois o povo de Deus, sois por igual e por via de consequência, a própria Igreja. “Os leigos devem ter uma consciência sempre mais clara, não apenas de pertencerem à Igreja, mas de serem a Igreja... Eles são a Igreja” (Pio XII, alocução de 18/2/1946). 
Isto deve despertar em vós esta outra consciência, correlata com as duas anteriores: se sois povo de Deus; se sois a Igreja, então tende, também, a noção clara que, sem vossa ação no mundo, sem vossa ação como povo de Deus, o fermento da vida de Deus pela graça não pode atuar convenientemente nas almas. É ainda Pio XII que o diz: “Sob este aspecto, os féis e, precisamente, os leigos, se acham nas primeiras linhas da vida da Igreja; por eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana” (Ibidem). 
Vede, pois, prezadíssimos, a que grau de dignidade estais elevados no plano de Deus; isto, torno a repetir, porque sois a Igreja, isto é, “a comunidade dos féis na terra sob a conduta de um chefe comum, o Papa, e os bispos em comunhão com ele” (Pio XII, ibidem). 
A formação desta comunidade será o nosso grande objetivo; a constituição de sua riqueza interna, pela graça, e a manifestação de sua vida no exterior, pela caridade. É este o povo perfeito, agradável a Deus, que todos juntos queremos constituir: “preparar para o Senhor um povo perfeito”. 
Somos Igreja 
Somos Igreja quando rezamos e tra- balhamos, quando nos divertimos e quando conversamos, quando damos esmola e quando lecionamos, quando cuidamos dos filhos e quando vamos em visita a alguém, quando pagamos uma conta e quando prestamos um serviço; quando andamos numa carroça, dirigimos um automóvel ou conduzimos um arado, quando trabalhamos na plantação, na cozinha, no escritório, na lavanderia ou na fábrica; somos igreja nas 24 horas do dia, do dia de trabalho como do dia de descanso, nas festas de família como nas festas de igreja, da vila, do campo ou da cidade; somos igreja servindo de padrinho num batizado ou na crisma, assistindo como testemunha num ato de casamento ou no foro a um ato jurídico; em toda parte “somos igreja”, desde o nosso batismo até a nossa morte, desde o nascer do sol até o seu poente e ao seu novo amanhecer. Nada do que é da vida escapa a esta consagração; seja pensa- mento, palavra ou gesto, seja sagrado ou profano, nobre ou plebeu, grosseiro, rude ou delicado; tudo no plano de Deus deve ser consagrado: “quer vigiando, quer dormindo, vivamos em união dom Ele” (1 Ts 5,10); para isto somos cristãos, para isto temos a marca de Cristo pelo batismo, pela crisma e pelo sacerdócio; é isto que São Paulo quer dizer quando nos exorta: o que importa é que andeis dignos da vocação do Evangelho, que andeis dignos da vocação que recebestes”. 
A consagração do Cotidiano 
Não adianta dizermos que somos ir- mãos uns dos outros, se os atos de nossa vida demonstram o contrário; não adianta traçarmos o sinal da cruz sobre nós e pendurarmos o Crucifcado na parede de nossa casa, se a cruz não marca constantemente os atos comuns de nossa vida. Não são os milagres que contam, mas o dever de cada instante bem cumprido e o minuto de cada hora bem empregado. 

Autor: Pe. Roque Hammes
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