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14/04/2022 - O Tríduo Pascal e o Domingo

Caros diocesanos. Hoje desejamos falar sobre o eixo central da Semana Santa e de todo Ano Litúrgico da Igreja, que é o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, que começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor (lava-pés), possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as vésperas, na tarde do Domingo da Ressurreição, o Dia do Senhor. Percebemos logo que a Igreja nos quer mostrar a unidade do Mistério pascal, evitando separações entre morte e ressurreição, mesmo que na Sexta-Feira Santa acentua-se mais a paixão e a morte; da Vigília em diante destaca-se mais a ressurreição. A Páscoa, como diz a própria palavra no hebraico, é “passagem”, passagem da morte para a vida. Sua celebração evoca a vitória de Cristo sobre a morte, tornando-se fonte de vida eterna para nós. O Batismo e demais sacramentos da Iniciação à Vida Cristã, são recebidos na noite de Páscoa, desde tempos muito antigos, para realizar esta nova vida dos que seguiram o processo catecumenal. Na cerimônia da Vigília Pascal, os que já foram batizados renovam as promessas do seu Batismo. Se na quaresma procuramos converter-nos, morrendo para o que não é cristão, agora somos renovados pela graça da vida nova. Esta é a grande alegria que deve nos envolver neste tempo em que a Igreja entoa sem cessar o Aleluia, que significa: “Louvai o Senhor”! Junto com a cruz da sexta-feira santa não pode faltar o badalo festivo do Aleluia pascal!
No desenvolvimento litúrgico da Igreja, o Domingo torna-se o Dia do Senhor Ressuscitado. É o dia, por excelência, para a celebração do Mistério Pascal, que se torna o núcleo central, o fundamento de todo Ano Litúrgico (SC 106). Os evangelistas informam que a Ressurreição se deu no “primeiro dia da semana”; as aparições também aconteceram nesse dia; sendo, igualmente, o dia escolhido para a vinda do Espírito Santo. O “Dominicus dies = dia do Senhor” aparece pela primeira vez, pelo ano 97 (Ap 1,10), e logo será chamado “Dominicus = Domingo”. Pelo ano 150, São Justino nos deixa uma preciosa descrição de como era, nesta época, a celebração eucarística. Ele chama o domingo como “dia do sol” (Sunday – Sonntag). Chama-se “Dia do Sol” porque lembra o dia no qual Deus criou a luz e Jesus Cristo ressuscitou dos mortos. Ele é o “sol da justiça” (Ml 3, 20), a “luz do mundo” (Jo 8, 12), a “luz para iluminar as nações” (Lc 2, 32), a “luz dos homens” (Jo 1, 4).
Somente em 321, por ordem do imperador cristão Constantino, o Domingo é declarado também como dia de repouso, a fim de que todos pudessem participar da celebração eucarística. Integra-se, desse modo, o descanso e o ato celebrativo do Domingo, estando o primeiro a serviço do segundo: ”Este é o dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos” (Sl 117, 24)!
O Documento de Aparecida afirma que os fiéis impossibilitados de participar da eucaristia “podem alimentar seu já admirável espírito missionário participando da ‘celebração dominical da Palavra’, que faz presente o Mistério Pascal no amor que congrega (1Jo 3, 14), na Palavra acolhida (cf. Jo 5, 24-25) e na oração comunitária (cf. Mt 18, 20)” (DAp 253).
Também nós clamamos: ”Este é o dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos!”. Com estas palavras da liturgia pascal, desejamos a todos/todas uma Feliz e Santa Páscoa!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul

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